Um estudo realizado por professores do IIASA – Instituto Científico Internacional da Áustria tem uma teoria de que os dirigíveis podem ser os substitutos eficientes para outros modais.
Essas aeronovaes mais leve que o ar, poderiam
aumentar a viabilidade de um mundo 100% sustentável.
O professor Walter Leal Filho, da Universidade do Vale dos Rios dos Sinos, em Porto Alegre, é um dos signatários da análise.
Ocorre que desde então, avanços consideráveis nas ciências dos materiais, na capacidade de prever o clima e a necessidade urgente de reduzir o consumo de energia e as emissões de CO² têm trazido os dirigíveis de voltas às conversações políticas, empresariais e científicas como uma possível alternativa de transporte.
Fonte: Pixa Bay, 2020 |
O que a equipe que assina
o estudo está propondo é justamente a criação de uma indústria de transportes
aéreos baseada em dirigíveis e balões, que poderia ser desenvolvida usando as
chamadas correntes de jato como meio de energia para transportar cargas ao
redor do mundo.
- Correntes de Jato
As correntes de jato são um núcleo de ventos fortes
que flui de oeste para leste, cerca de 8 a 12 km acima da superfície da Terra.
De acordo com os pesquisadores, dirigíveis voando na corrente de jato podem
reduzir as emissões de CO² e o consumo de combustível em relação aos aviões,
uma vez que a própria corrente de jato contribuiria com a maior parte da
energia necessária para mover as aeronaves entre os destinos. Os cálculos
indicam uma viagem completa em torno da Terra com duração de 16 dias no
hemisfério norte e 14 dias no hemisfério sul. Esse tempo é consideravelmente
menor em comparação com as atuais rotas de navegação marítima, particularmente
no hemisfério sul.
- Economia baseada no
hidrogênio
Os pesquisadores argumentam que a reintrodução dos
dirigíveis no setor de transporte também poderia oferecer uma alternativa para
o transporte de hidrogênio. O hidrogênio é um excelente portador de energia,
com uma pretensa "Economia do Hidrogênio" sendo postulada há muito
tempo, já que sua queima não produz poluentes. Dado que a eletricidade
renovável - o excesso de energia eólica ou energia solar, por exemplo - pode
ser transformado em hidrogênio, há muito otimismo de que a economia do
hidrogênio se tornará parte fundamental de um futuro limpo e sustentável.
Um dos desafios para implementar uma economia
baseada no hidrogênio é resfriar o hidrogênio abaixo de -253º C para
liquefazê-lo. O processo consome quase 30% da energia incorporada no gás, com
energia adicional de cerca de 3% necessária para transportar o hidrogênio
liquefeito.
A equipe propõe que, em vez de usar energia na
liquefação, o hidrogênio em forma gasosa seja transportado dentro do balão ou
aeróstato e impulsionado pela corrente de jato com uma menor necessidade de
combustível. Uma vez que a aeronave ou balão chegue ao seu destino, a carga
pode ser descarregada removendo de 60% a 80% do hidrogênio usado para levantar
a nave, deixando de 40% a 20%
do hidrogênio dentro do veículo para fornecer
flutuabilidade suficiente para a viagem de retorno sem carga.
Para lidar com o risco da
combustão do hidrogênio no dirigível, os autores sugerem automatizar a operação
de carregamento e descarregamento dos dirigíveis a hidrogênio e projetar
percursos de voo que evitem cidades, para reduzir o risco de fatalidades em caso
de acidente.
A junção de dirigíveis e hidrogênio também
apresenta uma série de possibilidades adicionais:
• Produção de água e economia: O processo de geração
de energia a partir do hidrogênio produz água, muita água - uma tonelada de
hidrogênio produz nove toneladas de água. Essa água poderia ser usada para
aumentar o peso do dirigível e economizar ainda mais energia em sua trajetória
descendente.
• Chuva: produção de chuva, com a liberação da água
produzida a partir da estratosfera, a uma altura em que ela irá congelar antes
de entrar na troposfera, onde então irá derreter novamente. Isso reduz a
temperatura e aumenta a umidade relativa da troposfera até que ela se sature e
comece a chover. Essa chuva artificial, por sua vez, inicia um padrão de chuva
de convecção, alimentando ainda mais umidade e chuva no sistema. Esse processo
poderia ser usado para aliviar o estresse hídrico em regiões afetadas pela
seca.
As vantagens de se investir nos dirigíveis são:
• Mais
Segurança: resistem melhor ao mau tempo, mesmo com os motores
parados, pairam no ar e podem ser manobrados para descer com segurança;
• Maior
Economia: gastam no máximo um terço do combustível exigido por
aviões para transportar a mesma carga percorrendo a mesma distância e já
existem planos de dirigíveis movidos a motores elétricos alimentados por
células solares distribuídas sobre seu envelope;
• Transporte
Silencioso: além de só precisar de motores para a propulsão
horizontal - portanto menos potentes e mais silenciosos - já há modelos que
usam o gás aquecido do escapamento para manter cheias câmaras auxiliares de
sustentação, compondo assim um silenciador enorme e eficiente;
• Mais
confortável: a relação espaço/passageiro pode ser bem maior nos
dirigíveis que, no passado, foram chamados navios voadores;
• Menos
Poluentes: quer por serem mais econômicos e silenciosos, quer por
serem facilmente equipados com catalizadores eletrostáticos;
• Alta competitividade com aviões: pela
eliminação ou redução drástica do transporte intermodal, que lhes permite, por
exemplo, transportar passageiros do centro de Londres ao centro de Paris em
duas horas e meia.
Fonte: https://www.mobilize.org.br/noticias/11743/dirigiveis-podem-voltar-como-alternativa-sustentavel-de-transporte.html
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